Divergências 2025
E algumas notas sobre o encerramento do biênio 2024/2025 do Soberano
Estou para fazer esta postagem sobre as divergências desde julho/agosto deste ano, mas entre os dois cursos (três, se considerarmos que foram dois cursos de Mac Mahonismo, um em março/abril e outro em setembro/outubro, e que os dois me tomaram cerca de dois meses de preparação antes do início das aulas), uma mudança de endereço e o trabalho em Curitiba com a Mostra de Cinema Italiano do Soberano, só tive tempo agora de retomá-la.
Sobre essas divergências, ou mais precisamente a constatação da parte de leitores de que há na divergência um estímulo ao pensamento que pode ser (e frequentemente é) mais forte que o que vem da concordância: foram três manifestações, uma mais ou menos próxima da outra, duas aqui no Substack e uma por e-mail, e as três demonstraram um tipo de inteligência, de sensibilidade, de discernimento que se vê muito pouco, mas felizmente não mais cada vez menos, na crítica e na cinefilia.
Mais ou menos na ordem em que chegaram a mim:
Relendo essas mensagens à luz das postagens do Matheus Petris, do Eduardo Savella e do Pedro Favaro sobre a aventura italiana do Soberano nos últimos dois anos, parece-me que um trabalho como o que começamos com a Foco há 15/16 anos segue dando os frutos que esperávamos, e vem dando-os cada vez mais.
Quanto a isso, tanto em relação à realidade de uma programação (ou seja, de um recorte, feito de inclusões e exclusões, de definições e imprecisões) quanto às hipóteses que uma impressão, uma opinião ou até mesmo um texto nem tão impressionista nem tão opinativo pode suscitar, só tenho um comentário a realizar, que vem na sequência do que Petris, Savella e Favaro já escreveram: o intuito de uma mostra, hoje, deveria ser 1) o de imaginar, propor, produzir, realizar programações que desprogramam o que se toma por estabelecido e é aceito uniformemente por toda parte 2) o de levar os espectadores a imaginar, propor e talvez até eventualmente produzir e realizar as suas próprias programações, seja como resposta, seja como complemento, seja como questionamento, seja até mesmo como negação 3) o de visar também e talvez até principalmente o espectador que a partir e através do questionamento, da desobediência e da discordância sinta a necessidade de ver mais e de buscar mais, e que justamente no questionamento, na desobediência e na discordância sinta-se estimulado a dar um prolongamento da forma que bem entender às questões suscitadas pela programação que nós ou outros fizemos.
Nesse sentido, vide as conversas que tivemos com o público das sessões ao longo de um ano e seis meses e os textos do Petris, do Savella e do Favaro escritos nas últimas horas, eu não tenho muitas dúvidas de que a Mostra de Cinema Italiano 2024/2025 do Soberano foi um completo sucesso.
Que venham outros.




